"O puerpério é uma abertura de espírito"


Trecho retirado do livro Maternidade: Encontro com a própria sombra de Laura Gutman
"O puerpério é uma abertura do espírito", é uma das maiores chances que a vida nos dá para crescer e rever tudo aquilo que precisamos afinar em nós. Uma oportunidade de fazer as pazes com o passado e, para isso, é preciso mergulhar e escutar a nós mesmas.

Como é bom falar com mãe real: que passa perrengue, chora, cansa, que acorda a noite, cuida, que pira, que tem dúvida. Coisa mais saudável ter dúvida quando estamos, pela primeira vez (ou pela décima), com um pitoco nos braços. As dúvidas são a certeza de que o cérebro está pensando no melhor para o bebê, são tentativas que nossa mente e coração fazem para buscar o melhor. Mães com dúvidas têm a capacidade de compartilhar suas experiências (muitas vezes de desespero) sem ter vergonha, sem ter medo, agregando a vida de outras mães a sua própria experiência e vice-versa.

Me assusto quando falo com alguém sobre puerpério e a pessoa diz que vai tudo bem. Toda mudança passa automaticamente por um abalo. Se não tem abalo, não tem mudança. Quando um filho nasce precisamos trocar os papéis, vestir outra camisa e bater outra bola. Agora somos pais e existe uma responsabilidade gigante em cima disso. Tudo isso dá medo, damos uma pirada, e é natural. E quando me dizem que vai tudo bem e que não tem dúvida sobre nada... Duvido. 

Recrie você na maternidade. Dê chance ao autoconhecimento e ao cabelo bagunçado, isso faz parte. Se não usar batom, se não colocar mais creme, se não depilar mais durante um tempo, saiba que é normal. É o surto que passa. 

Procure sempre mães de verdade, de papo aberto, que os filhos vomitam nelas, que o coco vaza o tempo inteiro, que choram, que ficam sem comer, que dormem e que acordam em todas ou algumas noites, mães que pensam em fugir mas vão até esquina e voltam correndo com saudade da cria. Adoro mãe real, se misture com elas e sua maternidade será mais leve e cheia de risadas. Bem como fala o trecho do livro de Gutman. Praticamente tudo se torna normal quando o outro passa pelo mesmo perrengue :) Que nossas pirações sejam compartilhadas! 



Criar ou Educar?

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Sabe aqueles pais que dizem que é fácil criar filhos?

Eu nunca disse e não digo, porque educo, não apenas crio.

Não desisti de dar mamadeira porque ele não tomou a primeira vez, nem a quarta, nem a décima.Hoje ele toma.
Não desisti de dar nenhuma fruta ou verdura porque ele não comeu a primeira vez, bem a segunda, nem a sexta. Hoje ele come.
Não desisti nem dos quatro meses que ele rejeitou o brócolis que eu sempre colocava no pratinho, ali do lado. Hoje ele come.
Não coloquei açúcar em nenhuma fruta para ele aprender a comer, porque aí é desistir muito rápido.
Não desisti de mostrar para ele o mar e a delícia da água porque ele achou estranho no começo e não queria entrar. Hoje ele adora.
Não desisti de pega-lo no colo toda vez que ele chorava porque eu sei que o acalmaria e que era exatamente aquilo que estava precisando.
Não desisti e não desisto. Cansa? Cansa muito, mas o resultado está na minha frente, autonomia do meu pitoco cada dia maior!

Crianças cheias de "vontades"são, geralmente, crianças que os pais desistiram cedo demais.

Crianças têm seu próprio tempo, sabia? E respeitar isso é tarefa árdua porque é completamente diferente do nosso tempo. Conecte-se com seu filho e eduque. É trabalhoso agora, as eu garanto , é extremamente valioso e recompensador. Nossa maior tarefa é apresentar o mundo a eles, e reapresentar, e reapresentar até que ele, em seu tempo e a sua maneira, conecte-se com o novo. 

A teoria do anti-colo e o tiro no pé



A teoria do anti-colo surgiu de uma sociedade com um modo de vida particular: Capitalista ao extremo, faminta por criar cabecinhas facilmente manipuláveis e fáceis de industrializar. Uma sociedade onde "ninguém precisa de ninguém", onde o isolamento é a melhor maneira de lidar com o mundo e os laços afetivos são frágeis: se as cabeças pensarem demais e se unirem, podem ir contra algo muito maior: o Poder daqueles que as comandam. Jogo de forças e a competição são constantes. Nada mais justo que uma teoria assim, correto? 

Já o colo continua sendo naturalmente usado em outras tantas sociedades, desde os primórdios do homem, sem causar problema algum à saúde. Pense nos índios, naquelas tribos africanas, pense em nós, nas crianças que conheces e que sempre tiveram colo: tá tudo bem, tudo tranquilo, coletividade, trocas, ajuda, autonomia rolando solta e em construção. Não existe problema algum em dar colo, fique tranquilo, tenho certeza disso. Pergunte aos psicólogos que conheces quantos pacientes estão em tratamento por excesso de colo e quantos pela falta dele, os números não metem. (confirmo)

O colo é parte do desenvolvimento humano, os bebês precisam da gente para conhecer o mundo. Eles precisam conhecer o aconchego para poder aconchegar e precisam aprender a acalmar para se acalmar. Eles precisam do contato corpora; para crescer porque isso faz parte do desenvolvimento da autonomia, segurança e do físico também. A autonomia é construída de fora para dentro e nós, pais, estamos na base dessa construção. 

Agora nunca esqueça que a maneira que você trata seu filho será a maneira que serás tratado por ele e, também, a maneira que ele tratará o mundo. As crianças aprendem rápido o que ensinamos. Um dia, talvez, você precise de seu filho e ele não estará lá, porque ele aprendeu que quando o outro precisa de ajuda, é melhor deixa-lo só. Você, então, estará sozinho e ele, provavelmente, também. Tiro no pé.

São dois caminhos e duas ideias, a escolha é nossa e a consequência também. Já ouviu a frase "colo de mãe/pai cura tudo"? Traduzindo: o colo nos fortalece e nos dá autonomia para enfrentar tudo na vida e sermos felizes com simplicidade. Assim sendo: Cura mesmo!