Mamãe e o banheiro - Crônicas da vida real (parte 1)

Já nos últimos meses de gravidez, nossa história com os banheiros começa a ser diferente. As visitas são mais frequentes porque a vontade de fazer pipi é toda hora.
Até aí tudo bem, desde que tenha um banheiro por perto. A questão é depois que o bebê nasce, aí sim começa a loucura.

Fonte da imagem
A gente dá mama, coloca para arrotar, espera dormir e vai fazer aquele xixi que está batendo na porta desde a hora da mamada. Normalmente quando uma mãe senta na patente é um dos poucos momentos do dia que ela vai REALMENTE sentar. Nos primeiros dois segundos ela senta, sustenta a cabeça com as mãos e respira fundo, como se tivesse num momento de prazer único, de meditação, afinal de contas, ela está sentada e sozinha (o que não é normal). Se tudo der certo, ela vai fazer seu xixi e ainda dar uma atualizada nas suas redes sociais e e-mail pelo celular. Se as coisas não forem tão bem assim, ela vai sair correndo no meio do xixi porque a criança acabou de acordar e está gritando como se tivesse um monstro de 10 metros atacando, mas tudo bem, a gente é mãe, a gente faz xixi pela metade e sabemos que só depois de umas duas horas terminaremos esse proeza. Se bexiga cheia caísse, as mãe comprariam um terceiro sapato para deixar a bexiga junto do pés :)

A outra questão é o banho. É aqui que a gente pensa, às vezes, que está louca mesmo. No começo não arriscamos tomar banho quando não tem ninguém em casa para cuidar do bebê. Depois de um tempo colocamos o bebê conforto/cadeirinha na porta do banheiro e até arriscamos uma banho rápido (o que nem sempre dá certo). Depois decidimos que é melhor ter alguém em casa para cuidar da criança e assim podemos tomar um looongo banho de 10 minutos :/ . Só que começamos a alucinar: começamos a escutar choro de criança enquanto estamos no chuveiro, mesmo que o bebê esteja na casa da avó! hahahahah!! É ou não é?

Mãe passa perrengue, mãe passa por coisas que acha que outras mães não passam, mãe é tudo igual, só muda de endereço. As histórias de banheiro seguirão, porque são muitas, este é só o começo :) Alguém mais com histórias emocionantes no banheiro depois que os filhotes nasceram?

A Informação que afasta


Toneladas de informação, de todos as teorias, pensamentos, crenças, loucuras... ela está logo ali, no celular, no seu bolso. Não sabe como montar o armário que comprou online? em algum lugar da internet tem um vídeo mostrando. Quer arrumar a bicicleta que quebrou? Google e deu, está novinha. Faculdade, cursos, pós-graduação? Sim, até isso se faz online. A internet nos mostra um mundo de aprendizagem sem limites, tudo está ali na ponta de nossos dedos. Além disso existem os trezentos manuais de qualquer coisa que podemos comprar em qualquer lugar e ser especialistas de não sei o que. Nossa, agora sei tudo sobre isso! :/

A questão é que isso não funciona quando falamos de filhos (mas pode ajudar sim). Podes comprar todos os aplicativos e todos os livros que nada, nada, substitui o instinto de mãe e pai que qualquer bicho tem (apenas o bicho homem anda perdendo porque anda com a cabeça cheia demais para sentir a si mesmo).

O que quero dizer com isso? Tenho visto uma quantidade de pais enlouquecidos, lendo duzentos manuais sobre desenvolvimento do bebê, trezentos livros de como criar seu filho e milhões de blogs dizendo que se tu não fizeres estas "7 coisas" teu filho será "birrento" ou isso ou aquilo. Será mesmo que esse bombardeio de informação ajuda para educarmos e conhecermos nossos filhotes?  

Por um lado sim (claro que sim!), informação é super importante! Esclarece e acalma, ajuda a entender muitos processos que nós e nossos pitocos vivemos. Só que por outro lado não. O excesso de informação (como qualquer outro excesso) acaba inibindo nosso instinto, toda nossa capacidade de sentir e ver aquele serzinho como único, como nosso, como diferente de qualquer outro.

Alguns pensam que filho é como vestibular, quanto mais estudares, mais a chance de acertar todas as questões. Só que não. Filho não é concurso, não é vestibular, filho não é trabalho de conclusão. Filho é conexão, é cheiro, é contato, é olho no olho e muitas, MUITAS vezes filho é aquele que nos coloca no lugar do "não saber". E como é importante esse lugar quando somos pais, como é importante saber que não sabemos, quebrar nossa onipotência e aceitar que precisamos aprender, muito, com eles. Quando não estamos teorizados, o não saber traz lugar a escuta mais simples e mais linda: a escuta pura do nosso bebê.

As vezes, simplesmente, a gente não sabe... mas quando a gente começa a saber a partir do que eles nos trouxeram, é a conexão que foi feita, é o cheiro que foi dado, é o choro que foi entendido. São tentativas e erros que nos fazem pais, e para quem está aberto, o aprendizado começa antes do teste de gravidez dar positivo. Conecte-se com tudo, mas não deixe de usar todos os seus sentidos. 

Querido visitante nossa casa está bagunçada



Querido visitante nossa casa está bagunçada, provavelmente você encontrará um livro embaixo do sofá, roupas e fraldas por todos os lados, uns 10 potes plásticos espalhado pela sala e mil coisas fora do lugar. 

Por outro lado, querido visitante, você encontrará um pequeno de quase 2 anos feliz da vida, super esperto, alegre, dançando, correndo, pulando e achando bem engraçado tirar tudo do lugar, abrindo e revirando todas as gavetas, puxando toda pilha de roupa limpinha e recém dobrada, esticando o papel higiênico até o corredor e virando todas as caixas que estão pela frente. Sob minha visão e do pequeno, ele está explorando, conhecendo e se divertindo, já sob a visão de gente chata, ele está bagunçando. Ah, e muito provavelmente encontrarás uma xícara de café da manhã em qualquer lugar da casa, vez que outra esquecida por uma mãe que estava observando as travessuras de sua cria. 

Não, não é legal estar com a casa bagunçada e às vezes quase piro, mas isso é muito pequeno perto da alegria do meu filho, então resolvi respeitar o tempo dele, respeitar a maneira de explorar o mundo e a medida que ele vai desenvolvendo vamos fazendo bagunça e aprendendo a organizar também. Só que não tenho pressa, porque o tempo voa, ele está crescendo e eu quero aproveitar. Resolvi, então, parar de tentar organizar tudo (o que me deixava quase louca), porque para isso precisaria deixa-lo de lado, quietinho, sozinho, fora do meu olhar e não faria nenhum sentido ter escolhido "ficar em casa" para cria-lo se não fico com ele. 

Assim sendo, querido visitante, entenda uma coisa, não estou em casa para deixa-la um brinco, estou em casa para criar e educar meu filho e aproveitar o tempo (seja qual for) em família, e depois, aí sim, arrumar tudo que posso no pouco tempo que me sobra. Muitas vezes deixarei a louça esperando para poder sentar, conversar e brincar em família, esta é minha prioridade agora. Não quero ser uma mãe "presente ausente" então, quando encontrares aquela xícara de café pela metade no meu banheiro, ou aqueles 10 potes espalhados pela sala, olhe para meu filho e veja a alegria e o amor que essa criança transborda, e repense o que precisa estar organizado.  



Maternidade sem purpurina

Maternidade é assunto muito sério para não ser falado (de verdade), é sério demais para resumir a fotos e comercial de margarina, para simplificar a "filho a gente dá um jeito, a gente cria". Maternidade é assunto muito sério porque é o maior encontro que temos com nós mesmos na vida, é a maior chance que temos de crescer e rever nossas atitudes, comportamentos e sentimentos. Nossos filhos são nós, e ponto.


Se você não quer se ver, dificilmente entenderá seu filho. A educação de nossos pitocos é a nossa educação. Não existe essa de "posso fazer o que quero pois não estou educando ninguém, não tenho filho ainda". Aquele velho pensamento idealista e mágico de que tudo será diferente quando o bebê nascer já coloca no pequeno serzinho uma puta responsabilidade de ser, praticamente, o responsável pela criação dos pais perfeitos. E aí começa a troca de figuras. 


O abismo gigante que existe entre a gravidez e o nascimento não pode ser mascarado, e é esse um dos objetivos deste blog, falar sobre ele. Pessoas tomam decisão de engravidar o tempo inteiro, e na maioria das vezes, pensando no filho dos outros "olha que amor aquele bebê, quero uma igual!", e não pensam que terão os seus próprios. Nossos filhos são cheios de nós, cheios de tudo que temos de lindo mas também, tudo que temos de difícil. "Esse talento ele puxou a mim, já esse gênio difícil, não sei a quem foi..." Já ouviu essa frase? Pois é sobre isso que estou falando: Puxou a mim também, puxou ao pai.

Meu filho é, sem dúvida, meu maior amor, minha maior alegria e meu maior orgulho. E é lindo, lindo demais porque foi pensado, foi planejado, é cuidado e educado com todo nosso amor. Só que ele não aprende sozinho, ele tem seu tempo e tudo é novo, ele não sabe que fogo queima, que tomada dá choque, o que é choque?, ele não sabe que piscina pode ser perigosa, que comida não se joga no chão, que remédio precisa ser tomado, que mamadeira é um peito de mentira, que a patente não é o brinquedo mais legal do mundo, que o lixo é sujo (oi, sujo?), que o carro que vem na rua pode fazer dodói, o que é dodói? que, que, que...

Para tudo isso ele precisa de mim e do pai, de nosso cuidado e nossa atenção, ele é novo nesse mundo e nosso papel é ir apresentando esse mundão com alegria, com amor, com ansiedade, com coragem, com medo, com toda energia e às vezes com cansaço, com humor e com incertezas (sim, pais tem incertezas, medo, e cansaço e é normal)... é assim que ele vai construindo seus relacionamentos e seu conhecimento. 


Por tudo isso que nunca mais, depois que me tornei mãe, falei que a maternidade é tarefa fácil, porque não é. Não é fácil quando assumida com responsabilidade, quando temos consciência de nossa importância na criação de nossos pitocos, não é fácil quando nos damos conta de nossa responsabilidade frente ao mundo quando educamos uma criança, não é fácil porque às vezes estamos muito cansados e, por fim, não é fácil porque a única coisa que fomos pela vida inteira foi filho e agora seremos para sempre pais. E aqui tudo muda, completamente.


Por outro lado, é o maior prazer da vida quando nos deixamos ser mães e pais naturalmente, quando vivemos integralmente (não falo de tempo, falo de qualidade!) aquele momento com nosso bebê, quando nos colocamos no papel de aprendizes. Nessa vivência de constante aprendizagem o essencial é nos jogarmos junto com eles na busca do novo e do conhecimento e esse é o melhor momento: enquanto eles vão descobrindo, nós vamos redescobrindo cada detalhe do mundo, e de nós! 


O objetivo do blog Mãe por dentro é falar abertamente sobre nossos sentimentos de mãe, sem firulas, sem purpurina, falar do cotidiano, dos sorrisos e choros, da coragem e dos medos, dos perrengues, das delícias e dos improvisos, enfim, das loucuras de quando nos tornamos mãe. Papo reto de mãe para mãe e para todo mundo.